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A Mulher que Ri e as Metáforas da Memória
A Mulher que Ri e as Metáforas da Memória
A Mulher Que Ri dirigido por Yara de Novaes é um espetáculo baseado no conto Sete Krajcár (Sete Moedas) do autor húngaro Móricz Zsigmond, e fala sobre a busca memorial de um homem em relação à convivência com os pais, com valores familiares e sociais que definiram sua trajetória de vida. Segundo Eloisa Elena, atriz do espetáculo, o que chamou sua atenção na obra principalmente foi o olhar diferenciado sobre a morte. O conto foi o mote inicial para o desenvolvimento da dramaturgia realizada por Paulo Santoro. Apropriando-se da situação e do clima proposto, Paulo criou sobre a linguagem literária uma linguagem dramatúrgica que abarcasse a atmosfera do conto.

O filho trilha um caminho regressivo no tempo sempre acompanhado cenicamente de um boneco, expressão alegórica dele mesmo no momento da pós-infância/pré-adolescência. Carregando o boneco nas costas o Filho evidencia um fardo nostálgico, o resquício do cansaço de uma juventude rodeada por conservadorismo e penúria.
As inquietações do rapaz se traduzem no boneco de forma melancólica, potencializada pelo corpo de Fernando Alves Pinto que propõe uma movimentação quase deslizante pelo palco. Nesta perspectiva, o Filho do tempo presente literalmente escorrega para o espaço da memória, tornando-se o Filho do tempo passado, um jovem questionador que se recusa a seguir os costumes da própria família.
A Mulher que Ri, personagem que dá o nome do espetáculo, é a Mãe. Figura que através da recordação e narrativa do Filho, aparece para o público como uma mulher bem-humorada e extremamente consciente das próprias escolhas e limitações; sua incessante risada parece num primeiro momento uma atitude histérica e desorientada frente aos fatos cotidianos, entretanto, no decorrer da trama, percebe-se que suas reações cômicas aos questionamentos do Filho e às imposições do Pai, são também um posicionamento, uma postura ativa diante das situações colocadas.
O Pai é mostrado como um homem austero, que submisso às condições da fábrica onde trabalha transforma a opressão vivida no espaço público em opressão transmitida no espaço privado. A grande questão para o público, no entanto, é: Eles de fato são na história do Filho o que é mostrado ou são a projeção reflexiva do Filho sobre o próprio passado? E sendo assim, as questões sociais ficaram tão marcadas nesta família a ponto de definirem as margens do exercício de recordação do Filho? Em que medida as inquietações do Pai em relação à fábrica tão presentes no tempo da infância agora influenciam sua reflexão sobre o passado e sobre sua experiência pessoal no âmbito familiar? Questões que o espetáculo não responde, mas problematiza, deslocando o espectador do lugar da contemplação para a o lugar da investigação sobre a natureza da memória e suas cicatrizes.
A estrutura cenográfica da casa onde se passa a história é infiltrada de elementos que apontam sensações memoriais tais como texturas, fotos, musicalidade, e oferece esta dimensão do jogo da memória, a lembrança que trai ou que é traída por quem a experienciou. O esquecimento também é materializado a partir da casa, especialmente quando os ladrilhos de madeira são arrancados pela Mãe e pelo Filho na procura pelas sete moedas. Uma poética temporal surge em cena, a casa antes toda ladrilhada de repente adquire um tom de abandono, pois a falta dos ladrilhos arrancados reflete a nuance da velhice das coisas que em determinado momento nos são caras e com o passar do tempo, transformam-se em raridades do presente.
Por Paloma Franca Amorim
FICHA TÉCNICA
DIREÇÃO: YARA DE NOVAES
ELENCO: ELOISA ELENA, FERNANDO ALVES PINTO, PLÍNIO SOARES
CENOGRAFIA E FIGURINOS: ANDRÉ CORTEZ
TRILHA SONORA: DR MORRIS
ILUMINAÇÃO: FÁBIO RETTI
COORDENAÇÃO TÉCNICA: MAURÍCIO MATEUS
ASSESSORIA EM VOZ CÊNICA: MÔNICA MONTENEGRO
WORKSHOP DE VIEW POINTS: MIRIAN RINALDI
FOTOS: JOÃO CALDAS
PROGRAMAÇÃO VISUAL: VICTOR BITTOW
WEBSITE: LIN DINIZ e LEONARDO MACIEL
PRODUÇÃO: BARRACÃO CULTURAL
NA INTERNET:
http://amulherqueri.com.br/
http://www.barracaocultural.com.br/
http://www.youtube.com/watch?v=jUlaLBpCTZw
Móricz Zsigmond:
Móricz Zsigmond é um dos mais famosos nomes da literatura húngara, suas obras mais conhecidas são: Sete Moedas e Outras Histórias Curtas, obra escrita em 1907; Tenha Fé Até a Morte, de 1920; Relações, de 1932.
DIREÇÃO: YARA DE NOVAES
ELENCO: ELOISA ELENA, FERNANDO ALVES PINTO, PLÍNIO SOARES
CENOGRAFIA E FIGURINOS: ANDRÉ CORTEZ
TRILHA SONORA: DR MORRIS
ILUMINAÇÃO: FÁBIO RETTI
COORDENAÇÃO TÉCNICA: MAURÍCIO MATEUS
ASSESSORIA EM VOZ CÊNICA: MÔNICA MONTENEGRO
WORKSHOP DE VIEW POINTS: MIRIAN RINALDI
FOTOS: JOÃO CALDAS
PROGRAMAÇÃO VISUAL: VICTOR BITTOW
WEBSITE: LIN DINIZ e LEONARDO MACIEL
PRODUÇÃO: BARRACÃO CULTURAL
NA INTERNET:
http://amulherqueri.com.br/
http://www.barracaocultural.com.br/
http://www.youtube.com/watch?v=jUlaLBpCTZw
Móricz Zsigmond:
Móricz Zsigmond é um dos mais famosos nomes da literatura húngara, suas obras mais conhecidas são: Sete Moedas e Outras Histórias Curtas, obra escrita em 1907; Tenha Fé Até a Morte, de 1920; Relações, de 1932.
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Intercâmbios de pensamento no TUSP... Aconteceu:
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Palestra de Josette Feral

No dia 26 de agosto Josette Féral (critica, teórica e professora titular no Departamento de Drama da Universidade de Quebec em Montreal, onde dá aulas desde 1981) realizou uma palestra no TUSP sobre “Presença e Efeitos de Presença”, onde expôs as novas pesquisas que realiza junto a outros estudiosos e artistas de artes (cênicas e visuais).
Na palestra, Josette discorreu sobre a fenomenologia dos termos “presença” e “realidade”, procurando criar um campo de discussão e de reconhecimento para as novas produções cênicas e visuais (interativas e interdisciplinares) contemporâneas. Para dar alguns exemplos dessas produções (canadenses), Josette exibiu vídeos de montagens e de exposições recentes que recolocam a questão e o lugar do espectador com aquilo é apresentado, e, como grande cerne da discussão, a noção de realidade e de presença do “material em cena”.
Ao que parece, projeções em 3D em cena, interação audiovisual com corpo real e corpo virtual, sobreposição de planos (real e virtual), modificam o olhar sobre a realidade, e questionam sobre a realidade e a virtualidade, tanto ao que se vê, quanto sobre quem vê.
Sabemos que projeções, interação entre vídeo, som e cena não são novidades no campo das artes cênicas, já no começo do século passado Piscator fez uso de grandes maquinas e dá importantes exemplos do uso de filmes e fotos em suas encenações no Wolksbunner, na Alemanha. Nos últimos anos, aqui no Brasil, também temos inúmeros exemplos do experimento em cena com filme, projeções, usos diferenciados de som e outras tecnologias que procuram estabelecer novas relações daquilo que é exposto com aquele que vê.
Josette Féral recoloca as questões das projeções, da interdisciplinaridade em cena, da presença e do efeito de presença por outros paradigmas, sobre a virtualidade e realidade da cena, que nos atravessa e nos recoloca como espectador.
Introdução ao tema da palestra
Retirado da fonte: http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache:drJePP0R6O8J:www.ciam-varts.org/archives/archives_autres/2009_05/RencEffetsDePresence/RencEffetsDePresence.pdf+josette+feral+
traduzido por Gabriela Itocazo.
traduzido por Gabriela Itocazo.
Efeito de presença e efeito de real nas artes cênicas e nas artes mediaticas
Formas indisciplinares
As novas tecnologias penetram como nunca as produções artísticas e contribuem amplamente na evolução das linguagens cênicas atuais, modificando profundamente as condições de representação e intensificando sempre mais os efeitos de presença e os refeitos de real. Projeções, instalações interativas, ambientes imersivos, espetáculos sobre o telhado: os sentidos (e as sensações) estão frequentemente solicitados todos juntos (veja a encenação de Cardiff ou Goebbels). Essas modalidades de emergência dos efeitos de presença em cena suscitam a aparição de novos paradigmas, até mesmo de novas formas cênicas que transgridem os limites das disciplinas e se caracterizam por uma identidade instável, mutante, em perpetua redefinição. Os espetáculos que resultam não se limitam mais a união, mesmo que positiva, das disciplina e das tecnologias. Não são nem dança, nem teatro, revelam nada mais que artes visuais ou mediaticas. Não estão distintas entre si por disciplinas. A noção de “efeito de presença” será, ainda este ano, no centro de nossos estudos. Nos perguntamos sobre a diversidade dos efeitos explorados (personagens reais ou virtuais, simulador de sensações, dispositivos de imersão...), o impacto das tecnologias sobre a representação cênica, as diversas modalidades de interpretação entre o virtual e o real dentro dessas formas de arte. Tentaremos também ir alem e identificar as estéticas emergentes na paisagem artística contemporânea. As questões levantadas por essas novas formas cênicas conduziram nossa reflexão: O que cria o sentimento de presença? Segundo qual dispositivo, quais interfaces ele recorre às tecnologias, tão múltipla e variada, ela renova a dinâmica entre performer, o espaço e o tempo da representação? Qual relação se estabelece entre a obra e o publico a partir do momento em que os efeitos de presença e dos efeitos do real dominam a estética do espetáculo? Como as obras trabalham a relação entre a sensibilidade e a inteligência?
Acompanhe algumas discussões atuais com Josette Féral:
http://krachtvancultuur.nl/uk/archive/amsterdam/feral.html
http://krachtvancultuur.nl/uk/archive/amsterdam/feral.html
Pesquisas atuais de Josette Féral:
Performatividade e performance
Arte e tecnologia, estética teatral
Interdisciplinaridade e multiculturalismo.
Performatividade e performance
Arte e tecnologia, estética teatral
Interdisciplinaridade e multiculturalismo.
Livros que escreveu e editou:
- Rezija in igra
- Os caminos do actor
- Mise en scène et Jeu de l'acteur (vol. 3) : Paroles de femmes
- Teatro, teórica y practica : más allá de las fronteras
- Acerca de la teatralidad
- Ariane Mnouchkine & Das Théâtre du Soleil
- L'école du jeu (ed)
- Theatricality (ed)
- Les chemins de l'acteur (ed)
- Theater in France, ten years of research
- Théâtralité, écriture et mise en scène
- La culture contre l'art
- Mise en scène et Jeu de l'acteur (vol. 1 et 2)
- Dresser un monument à l'éphémère (ed)
- Rezija in igra
- Os caminos do actor
- Mise en scène et Jeu de l'acteur (vol. 3) : Paroles de femmes
- Teatro, teórica y practica : más allá de las fronteras
- Acerca de la teatralidad
- Ariane Mnouchkine & Das Théâtre du Soleil
- L'école du jeu (ed)
- Theatricality (ed)
- Les chemins de l'acteur (ed)
- Theater in France, ten years of research
- Théâtralité, écriture et mise en scène
- La culture contre l'art
- Mise en scène et Jeu de l'acteur (vol. 1 et 2)
- Dresser un monument à l'éphémère (ed)
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